terça-feira, 16 de outubro de 2018

Onda de violência de apoiadores de Bolsonaro registra no mínimo 50 ataques

Levantamento da Pública revela a amplitude do discurso de ódio, muitas vezes disseminado pelo próprio candidato da extrema-direita. Homofobia e racismo se aliam ao contexto político
por Redação RBA publicado 12/10/2018 09h55

São Paulo – Apoiadores do candidato da extrema-direita nas eleições 2018, Jair Bolsonaro (PSL), começaram uma onda de ataques, incitados por discursos de ódio, muitas vezes disseminado pelo próprio político. As agressões já somam, ao menos, 50 ocorrências em todo o país em um período de dez dias.
O levantamento inédito foi divulgado na quinta-feira (10) pela Agência Pública, que promove jornalismo investigativo. Entre as agressões, atropelamento de um rapaz com uma camiseta do ex-presidente Lula, uma jovem agredida por seis homens na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, além de diversos ataques homofóbicos. O mais grave foi o assassinato do mestre de capoeira Angola Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, em Salvador.
Bolsonaro já fez declarações públicas homofóbicas. Em Belo Horizonte, uma transexual estava parada em um ponto de ônibus, próximo a uma praça onde acontecia uma manifestação de apoio ao político. Colaram um adesivo dele no peito da jovem e ela tirou. Então, deram uma rasteira nela. "Se eu tentasse levantar, ele ia continuar me agredindo", disse Guilderth Andrade.
O levantamento ainda contabiliza agressões sofridas por eleitores do Bolsonaro, são seis. Das 50 agressões promovidas pelos grupos de extrema-direita, 33 foram no Sudeste, 14 no Sul, 3 no Centro-oeste, 3 no Norte e 18 no Nordeste.
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/10/onda-de-violencia-de-apoiadores-de-bolsonaro-registra-no-minimo-50-ataques


Mídia e Judiciário contribuem para violência de eleitores de Bolsonaro, diz Sottili

Diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog avalia atual agressividade na disputa eleitoral que, para ele, foi alimentada pelos discursos contra minorias e ataques ao Estado de Direito

São Paulo – Em entrevista na manhã de hoje (15) à Rádio Brasil Atualo diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sottili, avalia os resultados de um levantamento feito pela agência Pública, em conjunto com a Open Knowlegde Foundation, de episódios recentes de violência, nas últimas semanas. decorrentes da disputa eleitoral"Nós nunca tivemos, desde a redemocratização do Brasil, um período tão difícil e de sinalização para violências gravíssimas contra a democracia, as pessoas e a liberdade de expressão, como nós estamos vivendo especialmente nestas eleições e mais especificamente nos últimos 15 dias", afirma o ativista, que foi secretário dos Direito Humanos da gestão de Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo.
Sottili associa a narrativa midiática histórica contra populações pobres e ditas minoritárias, o desrespeito ao Estado de Direito, sobretudo nos últimos dois anos, e a participação da Justiça no sentido de legitimar o discurso antipolítica, para explicar a escalada das agressões nesta reta final de campanha pelo segundo turno das eleições de 2018.
Para Scottili, os autores das agressões precisam ser tratados como criminosos e cabe aos chefes de governo, o Supremo Tribunal Federal e a União, adotarem medidas para inibir os atos contra a democracia. "Mas a ausência desses atores, que são fundamentais nestes momentos, já tem se dado em outros momentos também" lamenta o humanista.  
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/10/midia-e-judiciario-contribuem-para-violencia-de-eleitores-de-bolsonaro